Soube que sou pintora, quando um dia me caiu uma pinga de tinta do pincel, manchando uma área que não era para ser daquela cor. 

 

Nesse momento, percebi que cada pintura é um desafio de aceitação de manchas e expressões que  me transcendem e me escolhem. Como se a cada pincelada, se vá revelando algo que já existe e que apenas aguarda que eu a exponha. 

 

Quando comecei "a ver" tudo o que existe para além das minhas ideias e da minha perceção inicial das coisas, comecei também a levantar o véu da minha existência. 

 

A minha maior ambição, é um dia poder permanecer na ténue linha que separa a imaginação do invisível. 

 

Descobrir se os rostos que pinto, são inteiramente inspirados nas minhas musas, ou se elas já existem de facto, noutra dimensão.  

 

Pinto mulheres douradas, onde pousam pássaros e brotam flores. 

 

O sentido da minha existência, são as cores que caem por acidente do pincel.